sexta-feira, 31 de outubro de 2008

leia ouvindo: Um Refrão Mudo Para Um Amanhecer Surdo - Nenê Altro e o Mal de Caim

Desliguei o computador. Troquei de roupa. Estendi o cobertor, depois o edredon. Abri o baú, peguei o travesseiro. Coloqueio os fones de ouvido. Deitei. Apaguei a luz. Apertei o play.
Não senti nada nos três primeiros acordes, mas então, à tona veio tudo nos meus olhos fechados e parecia me guiar cordialmente por um castelo sombrio e cheio de névoas. Me senti à vontade.
vi sorrisos sinceros de cadáveres em decomposição, vi o luxo da nobreza passando por cima de seus escravos de guerra. vi crianças mortas correndo nos Campos de Centeio. Vi crianças mortas ao chão da faixa de gaza.
E então, vi uma senhora muito velha e muito branca. ela tinha um gorro preto que cobria sua face. Logo percebi, era a morte. Ela chegou mais perto e me sorriu com um Olá amigável. Então senti seu perfume sutil e ela não era mais tão feia. Tornou-se uma moça perigosamente bela e eu caí em desgraça - me apaixonei.
Não senti dor, nem cócegas, nem náuseas, nem cólera. A morte é minha amiga, parceira de longa data. Está comigo desde o meu nascimento, mas até então nunca tinha a visto.
A música acabou, só me resta agora dormir e sonhar. Sonhar com flores ou pássaros, pois já que acordado vi o que muitos não vêem dormindo.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

alguns dos pensamentos principais resumidos

eu não acredito que levei dezessete anos pra descobrir que não acredito em deus.
na verdade não é bem assim, eu acredito, mas não como todo mundo tá acostumado a acreditar.
parece que agora virou moda não acreditar em deus, virar gay, bi, ou algo assim. mas ah, como eu quero viver mais trinta anos só pra ver se essa mulecada vai continuar beijando gente do mesmo sexo. não é preconceito, é a realidade. e deus tem tudo a ver com isso.
pra mim, deus é uma coisa que está no nosso subconsciente, um sentido, como o olfato. logo, quando cheiramos algo, sabemos o que é, ou se o cheiro é bom ou é ruim. com deus é a mesma coisa, quando sentimos algo, logo vem deus e te aponta se é bom ou ruim. é como um "pré bom senso" que todo mundo nasce.
então, deus é o que nos faz fazer o bem ao próximo e a nós mesmos, não importa as ações. mas isso é do subconsciente, me entende? logo, não preciso de nenhuma religião, porque deus sou eu e não os outros, o pastor ou o padre.
tá, e o homossexualismo? dá no mesmo. a religião condena, os jovens contestam. pra uns, tá errado, porque o homem foi criado para ser e ter a mulher e vice versa.
primeiro: o homem não foi criado, é tudo uma metáfora pra contar a história do big bang pra pessoas analfabetas. ou uma lenda regional que se espalhou e tomou essa dimensão.
segundo: o homem é um animal, e a única coisa que o difere dos outros é a sua capacidade racional.
terceiro: a raça humana precisa se reproduzir pra perpetuar a espécie.
pra mim, sinceramente, enquanto o homem usar sua inteligência pra fazer um casal gay ter filhos adotando-os, ou por inseminação artificial, não há o que chamam de pecado, nem inferno, nem céu, nem nada.

domingo, 19 de outubro de 2008

Eu não sou Anitelli mas quero tentar

Notas de um observador:
tanto tempo perdido pensando no que escrever, como escrever, quando escrever e quanto escrever. e tudo estava ali, embaixo do meu nariz. Eu não sou Anitelli mas quero tentar.
Tanta gente todo dia se perguntando onde esse mundo vai parar, mas ninguém sabe nem onde está a faca pra cortar o pão. Criticar, sim, criticar. É fácil. é sentar no próprio rabo pra falar do rabo alheio.
E mesmo não senod Anitelli, mesmo citando Gil, o mundo tá ficando mesmo pequeno demais, não cabe mais tanto egocentrismo, solidão e orgulho neste humilde e miserável planeta.
pensemos: Antes, havia uma caixa bem grande que servia pra unir a família e assistir o noticiário. nos domingos, a família se reunia em frente a tevê para assistir o Silvio Santos.
Hoje, o silvio ainda existe, mas a tevê mudou. Agora, é um pequeno aparelho digital que deixa cada um em um canto, assistindo sua tevê. Um aparelhinho comprado em quarenta e oito vezes, sem entrada e sem juros.
Financiamento de Playstation 2. Compre, pague, use, morra. S O Z I N H O.
E já não mais amor.

leia ouvindo: Hoodoo - Muse

e então ele caiu do cavalo novamente, mas dessa vez doeu.
ele acordou assustado com a dor, e o relógio despertava 5 horas. ele bateu no relógio e o relógio não parou, bateu de novo e nada. ele pensava: "merda de relógio, merda de dia, merda de trabalho."
ele tentou puxar da tomada mas não conseguiu, então caiu na real:
"esta é a minha casa! onde está emily, o que eu faço aqui?!"
levantou da cama e espreguiçou para alcançar as idéias,e o relógio apitando. olhou pra cama: ele ainda estava lá. pálido, abatido e não respirava!
ele estava morto, e parecia ser há muito tempo. mas se estava morto, como estava de pé? e por que? por que morrer agora? ele não estava velho, ou doente. por que? por que?
então, no meio dos questionamentos, ele ouviu passos, marchando em sua direção.
da janela do seu apartamento, viu um exército de demônios, vindo do céu negro.
o mais feio, mais monstruoso, mais sujo, mais horripilante, chegou até ele e disse:
- você é nosso.
ele sentiu medo. suas mão suaram, mas quando menos percebeu, sentiu as mãos de emily segurando nas suas e então, não fazia diferença amar no céu ou queimar no inferno.
FIM

sábado, 11 de outubro de 2008

leia ouvindo: City of Delusion - Muse

Emily olhou para Jonh e disse:
- que desperdício de vida. olha pra tudo isso. é tudo nosso, e não soubemos aproveitar. preferimos ficar enfurnados em nossas casas feitas de concreto que nunca se dissipa, a ver luzes coloridas que dóem os olhos. apesar que a tv também é feita de luzes coloridas que dóem os olhos, mas assim é diferente. assim sentimos as luzes, e as luzes nos sentem, pois são todas estrelas. e eu sei que eu não estou falando bobagem, pois sou eu que faço as regras da minha vida agora, e você também. e até parece que eu vivo pra sempre, mas se eu morrer e o céu for assim, nõ me importo, pois saberei que fiz a coisa certa.

leia ouvindo: Exo-Politics - Muse

acoradaram pela manhã com o cheiro dos cadáveres. nenhum recentimento, nenhuma tristeza. apenas o cheiro forte de matéria em decomposição.
mas de repente algo os chamou atenção. parecia um desfile. muitas trombetas anunciaram a chegada dos três cavaleiros, que os trouxeram para a cidade desconhecida.
o cavaleiro principal parecia decepcionado, mas não trazia nenhuma ordem de prisão, ou busca.
bateu na porta. John atendeu:
- pois não?
vocês estão expulsos do Paraíso.
-Paraíso?
-sim, podem ir. têm este cavalo e mais nada, peguem suas coisas e vão.
-não temos nada pra pegar, vamos Emily.
subiram no cavalo e foram em direção ao universo.
num galope muito rápido, atravessaram o céu e estavam agora no doce e eterno universo. não tinham nenhuma regra a seguir. não lhes restavam nada a não ser a noite eterna.
cavalgavam e cavalgavam, sem cansar, adoravam ver aquilo tudo. todas as cores eternas do universo. se sentiam bem, mais do que em qualquer outro lugar.

leia ouvindo: Assassin - Muse

ele entendeu a ordem e aceitou. tirou a camisa para parecer mais forte e pegou a arma.
saiu na janela e atirou.
atirou em todos, perdeu o controle, matou todo mundo, e não parava de atirar.
sentiu prazer em fazer aquilo, não estava nem aí se estava cometendo algum pecado, mas pecava. matou, atirou, feriu.
como pode algo tão insignificante dar tanto poder a uma pessoa?
como pode uma pessoa tão insignificante ficar com tanto poder quando usa um destes?
ele não sabia, mas atirava.
o assassino acabara de nascer.

leia ouvindo: Invincible - Muse

Ele acordou e a casa estava arrumada. Caminhou devagar e lembrou que não sabia o nome dela.
Eles fizeram sexo e ela não sabia o nome dela! Como isso pôde acontecer?!
Chegou na cozinha e viu a garrafa de café. Pegou um copo, se serviu. Tomou o café, abriu a torneira e balançou suavemente o copo embaixo da água. Depois, colocou o copo de volta no lugar que achou.
Nem sinal dela. Será que havia ido para o quarto? ou trabalhar? Ele não sabia. A única coisa que sabia é que a amava. Disso ele tinha certeza. Mas não sabia por que.
Chegou perto da porta e achou um blihete. Uma letra feminina dizia:
"eu não sei por que praticamos tamanha besteira, estou indo embora, o café está na mesa. vou seguir minha vida sem você. talvez você não seja o homem da minha vida, como eu disse. eu me iludi. mas vivi de ilusões minha vida inteira, então que seja. se quiser ainda me dar adeus, me procure, você sabe onde eu fico, mas também, você só sabe isso de mim, nada mais. Sem mais, adeus, Emily."
ele dobrou o bilhete em dois, guardou no bolso, e foi até o beco.
chegando lá, ele adentrou a casa noturna e berrou:
- eu quero falar com Emily!
o segurança do local disse:
- senhor, não faça escândalos.
ele respondeu com uma certa selvageria:
- eu não quero saber dessas porras de regras, eu nem sei se estou vivo! vá se foder! a única coisa que eu sei é que eu amo essa mulher e sei que ela também me ama. Emily, por favor, venha comigo.
Ela ouviu, ele conseguiu.
Ela foi em direção a ele e disse:
- me leve daqui, rápido.
A dona do bar olhou pra ela e disse:
- se você sair por esta porta com este homem, nunca mais voltará.
Emily olhou nos olhos da patroa e disse, convicta:
- ok, não preciso deste emprego de merda.
John olhou pra Emily e disse:
- Não há ninguém como você no universo. Me perdoe por qualquer coisa que eu fiz, ou não fiz.
Emily respondeu:
- eu te amo, e acabou.
A patroa gritou:
- chamem a polícia, eles roubaram meu estabelecimento!
eles correram como nunca. Jonh olhou para Emily e disse:
- estamos fodidos...
- juntos somos invencíveis. - Emily o cortou.

Mais tarde, escondidos na casa de Emily, foram surpreendidos pela chegada da polícia. Os oficiais gritaram do lado de fora:
- saiam com a mão pra cima!
Emily olhou pra John e ordenou:
- Mate todos.
- como assim?!
- eu te ajudo.
Emily abriu o guarda roupa e tirou uma submetralhadora.
-Mate.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

leia ouvindo: Soldier's Poem - Muse

chegaram à casa dela e ela o beijou. de uma maneira tão violenta que teremos que imaginar tudo bem lento. não sabendo o que fazer, mas gostando, ele retribuiu. estavam adorando este ataque adolescente. entre sapatos, meias e vestidos, tropeçaram, cairam, rolaram, tiraram suas vestes e subiram no sofá. sem parar de se beijar. entre carícias, derrubaram todos os enfeites da mesa de centro: o vaso, as revistas, o porta-retrato com a foto do papai-noel, e então, quando subiram na mesa, ela também se foi. e eles rolaram pelos cacos de vidro sem sentir nenhum arranhão (embora ele não pudesse notar a diferença dos cacos de vidro para as unhas da moça).
ficaram de pé, pisaram no tapete, escorregaram, cairam de novo. mas nada atrapalhou.
na parede desta vez, os quadros foram ao chão.
e então foram em direção à cozinha. Mais vidro quebrado entre gemidos; não de dor, mas de prazer.
e então o ápice. o ápice.
eles dormiram abraçados no corredor.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

leia ouvindo: Map of the Problematique - Muse

então, a música mudou, e nisso, ele tomou uma atitude. foi até o balcão e puxou assunto com a moça.
disse:
-o que uma moça tão bonita como você faz num lugar sujo como esse?
ela não olhou em sua face e continuou contando o dinheiro. mas respondeu:
-trabalha.
-não precisa ter vergonha. vou começar de uma forma mais agradável. eu sou John. não sei porque estou aqui, vim de um lugar distante, trazido por três cavaleiros...
ela olhou em seu rosto assustada:
-o que?! então é real!
-como assim?
-venha.
ela o levou de volta para o beco. já estava escurecendo e o beco se tornava mais assustador. mas ela parecia acostumada. continuou:
-você é o homem da minha vida!
-você só está complicando mais...
-é assim: eu há muito tempo tive um sonho em que vinha pra cá carregada por três cavaleiros, e as pessoas me olhavam de uma maneira diferente...
-foi o que aconteceu comigo!
-sim, nós somos o tal casal que eles dizem tanto. somos os deuses salvadores. só nós sabemos como sair daqui, e isso é o que eles mais querem.
-entendi.
-agora vamos pra casa, tá ficando tarde.
-mas e seu emprego?
-eles precisam de mim, eu sempre faço isso, eles me amam.

domingo, 5 de outubro de 2008

leia ouvindo: Supermassive Black Hole - Muse

mas um beco o chamou atenção. era a única parte escura da cidade. ele entrou. todos o olharam de uma maneira estranha, de "o que ele está fazendo lá? ele é louco?!" mas ele entrou.
foi seguindo até o fim da escuridão do beco, quando viu um fecho de luz vermelha no muro escuro. era uma porta aberta, uma casa noturna.
ele adentrou a casa e viu mulheres dançando em cima dos bares, homens entrando em êxtase e pagando até o que não tinham para que as mulheres tirassem a última peça de roupa.
em cantos, outros homens, engravatados, tomando drinks com suas dançarinas no colo.
mas nada disso o chamou atenção. até que ele notou que a atendente de caixa era um pouco diferente das colegas. ela estava com roupas um pouco maiores, cabelo preso e apenas uma maquiagem fraca para dar um tom neutro em seu rosto e disfarçar imperfeições como sardas e pintas que não gostava. e ele só a observou enquanto tomava um drink. só observou.